domingo, 20 de junho de 2010

LENDA DO RIO OIAPOQUE

Os índios mais antigos costumam contar a seus filhos e netos, um lenda que aprenderam com seus antepassados. Trata-se do nascimento do Rio Oiapoque. A lenda é a seguinte:
Há muitos e muitos anos, em uma aldeia, o povo passava fome, porque a caça já estava escasseando e as árvores morriam por falta de chuva. Crianças adoeciam e os mais velhos, alquebrados pelas dificuldades, começavam a morrer.
Certo dia uma índia grávida chamada Adejací, vendo que seu curumim certamente morreria de fome se nascesse em meio àquela miséria, resolveu fugir da aldeia e procurar um lugar melhor para que pudesse ter sua cria
Dias depois, longe de tudo, a indiazinha sentiu saudades do seu povo e começou a chorar. Ainda chorando, pediu à Tupã que a transformasse em uma cobra muito grande e, assim, pudesse andar pelas matas à procura de um local aprazível para construir uma nova aldeia. Tupã, compadecido pelo ato de coragem, fêz o que lhe foi pedido.
Por meses, aquela imensa cobra vagou em busca de algum lugar onde houvesse comida e água em abundância. Ela era tão imensa, que por onde passava deixava grandes sulcos na terra.
Um dia, a índia transformada em cobra, encontrou um vale muito bonito, com muita água, muitas frutas e caças em abundância. Voltou para avisar seus irmãos de tribo sobre o ocorrido. Era tanta sua felicidade, que esqueceu-se de pedir a Tupã que desfizesse o encantamento.
Bem próximo à aldeia, Adejaci sentiu as dores do parto e teve sua cria ali mesmo, na mata. Os índios, vendo aquilo, mataram a criança, imaginando que fosse bruxaria. Adejaci ficou furiosa, mas não quis atacar seus irmãos de tribo. Sentida com a morte do filho, começou a chorar. E era um pranto tão sentido, tão violento, que as lágrimas, em cascatas, preencheram os sulcos deixados por ela, transformando-os em um rio.
Adejaci não quis mais voltar a ser gente. Mergulhou nas águas e adormeceu no fundo do rio. Os índios garantem que nas noites de lua cheia, nas águas se formam grandes rebojos. É Adejaci, transformada em cobra, suspirando pela falta do filho.
Quando ela chora, as águas voltam a subir de tal maneira, que alagam as ilhas próximas. Por isso o lugar é chamado de Oiapoque, que na etimologia indígena significa "Rio da Cobra Grande”, muito embora se tenha a etimologia waiapi, que dá outro significado: “Rio dos Guerreiros”.

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